domingo, setembro 25, 2005

Diclofenaco Sódico 50 mg


o sódio encontrado mineral na natureza responde pelo equilíbrio hídrico, ácido básico, contração muscular e a manutenção do volume do sangue. de mais sobe rotações eleva a temperatura detona as paredes de algum vaso sedentário explode arquivos de memória vítimas em aneurismas. de menos despenca em estado hiperbárico desaparecendo os batimentos se entregando ao sono derradeiro. de alguma coisa chamada química vem o diclofenaco vem por onde vem a ronda de muito dinheiro. vem de onde o entusiasmo de cientistas se esqueceu das cirandas que os cerca.
aconteceu por acaso. o pulso cedeu no momento que experimentava os movimentos de apoio. talvez pela mesma teimosia que me deve vivo hoje aqui. sempre insistindo só mais uma vez. talvez negando que a teimosia não é minha. é da vida que se impõe. recusando a idade que insiste sobre o corpo. enquanto resiste a vida vai passando.
O pulso trincou. ou gritou. colocou um ponto e vírgula no sonho de mais uma fase. os dias virão devagar até recuperar o controle de seus próprios movimentos. que se dane. foi feito para o movimento. que trate de voltar.
Em 99 voltei a nadar. em 2000 capoeira. 02 fui ensaiar uma volta ao mar de verão e algo se torceu mal nas costas. já era pra ter operado da outra vez. torção besta. não era atleta. atletas tem a chance de conviverem com contusões. tornam-se até familiares delas em função da freqüência com que as encontram em suas rotinas de treino. tudo na hora é dor e toda dor passa. em 03 foi o braço direito. este ano foi a moto na batida perfeita. muito bem tratado pela policía uruguaya. dispensei hospital mas peguei os folhetos na gráfica. voltei com o pulso direito quebrado. ruim foi ouvir dr kaô kaô barbosa R$ 150,00 pro amigo. amigo na emergência do hospital. e o deixa assim. amanhã tu pode precisar dele não tem outro é infelizmente é isso fazer o que e se foi a droga de dignidade ou o que tinha sobrado dela. é assim que amanhã as coisas aos poucos vão deixando de ser e se tornando nunca mais. deixando de levar em conta nossas vidas para agir como loucos porque pensamos e isso parece ser de bom senso. o abrigo o ponto seguro a zona de conforto tanto faz se o depois for nunca mais.
prometia brilhar ela não podia esperar. foi menos por isso. o amor maior que eu tem medos que não confessa. depois de entrar setembro meu sol voltou. confesso que fiquei feliz com o que vi..
O pulso esquerdo não estalou. podia não ser ligamentos ou nada. só um pouco de início. mais depois. a rotina não resolveu não foi abrigo. o tempo não parou. depois de um mês caiu a ficha uma semana com diclofenaco e uma decisão na consulta com o farmacêutico até encontrar outra rota que não o trauma do hospital. um corredor, um triatleta, um motociclista um professor de educação física todos pré-traumatizados confirmaram a receita. recolheram os pedaços da fé como cães farejadores que encontram a caça.
Não há clarão nem escuridão rancor algum. afinal há caminho depois. é só resignação. enquanto isso uma aplicação de gel a base de diclofenaco potássico no local e os três comprimidos por dia.

Guia Prático Para Solução dos Problemas Diários


o primeiro Paulo Coelho a gente nunca esquece.


o meu primeiro foi numa discussão com os amigos de uma amiga. um entrevero que nunca vou poder mesmo. até porque foi exatamente o Alquimista que dispensei.
o pessoal tomando cerveja e cuspindo farofa encantada com aquela idéia fixa da vinda do novo mundo místico. diziam que já dava seus primeiros sinais para quem quisesse vê-los. eu era ou estava cego, diziam. haveria, enfim, a salvação das contas do fim do mês.
o cérebro, ou o que sobrou dele, hidratado a álcool, sugava copos de lúpulo e cevada fazendo transbordar a mente fértil. nem a letargia povoada de fantasias conectava as bruxas, duendes e fadas. os plausíveis personagens tão próximos quanto o sonho alquimista não vieram. mas o demônio, bem mais perto, ao lado, de forma etílica, nem espera prosperar o pecado, experiente, prático, apenas se limitou a colocar gentilmente mais umas no freezer.
declinei e abandonei o posto.
Putz! não era para adivinhar...tava na cara! a idéia vendia feito água na França. lá eles adoram comprar água. eu não mudei de assunto nada! logo ele se tornou o maior fenômeno literário mundial contemporâneo. não o exorcista. Ô cara...o Alquimista ta. ta bem, não debocha. então não joga pedra na Genny. como eu ia saber. só porque o planeta inteiro soube !? e daí... eu com isso!? é verdade, o Bill Clinton mudou a agenda por uns quinze minutinhos a sós com a personificação cabalística de um Mago. isto em pleno século XX. Paulo Coelho quem diria agora é um Imortal. não é hightlander nada. é mais um abastado em companhia de Sarney, Marinho, decrépitos, políticos e milionários. um bom vivant contador de tostões bem diferente daquele que escrevera o libelo da sociedade alternativa com Raul Seixas.
evidente que mais adiante acabei lendo o Paulo Coelho e não apenas o Alquimista. e se por um lado não mudaram minhas convicções, é bem verdade que me ajudou a refletir para entender melhor as perspectivas diferentes da minha. como a daquela turma gente fina, elegante e sincera, por exemplo, que cuspia farofa e metia a cerveja pra dentro. UÉ minha turma não! sai fora...mas e daí. eles aproveitaram bem a noite deles.
os livros de auto-ajuda também experimentaram uma explosão de vendas. o que não é surpreendente, mas esclarecedor.
nestes novos tempos ditos modernos, princípios e valores estão desaparecendo por falta de uso. volatizam ou acabam soterrados pelo lixo da desinformação. informação inútil de todo tipo, política, religiosa, tecnológica, eletrônica, games, páginas inúteis inundam a internet, spans e vírus. se espalham num esforço que vende felicidade instantânea como programas anti-vírus.
a cultura das massas, a música das massas, a novela das massas. o futebol das massas. a mídia das massas.
lixo, muito lixo ocupando espaço destinado aos pensamentos.
o certo e o errado ficaram muito tempo sob guarda rígida. de certa forma isto lhes deu acabamento e ares conservadores. e conservar se tornou nestes tempos de velocidade, o sinônimo de ultrapassado. felicidade JÁ!
mas não é necessariamente assim. felizmente. existem os clássicos para nos redimir. para desmentir o implacável. o guardião do tempo. a verdade.
nossa antropofagia popular amarela já não bebe nos clássicos. Mark Twein, Machado de Assis, Camões ou Hemngnwey. Umberto Eco, Ezra Pound, Jack Kerouac, Fernando Pessoa. enquanto Paulo Leminski e Mário Quintana se tornaram poetas malditos. foragidos. sem lugar nem cadeira na academia habitada por vaidosos egocêntricos hedonistas.
te falo de clássicos que faziam parte de nosso imaginário. até de um Monteiro Lobato. das histórias infantis que nos apresentavam o mundo e nos aproximava da compreensão da vida. dos rito de passagens até há pouco definidos como adolescência. é que todos hoje são eternamente jovens. Peter Pans e Cinderelas povoam cines domésticos em DVDs. que os céus abençoem a Globo por sua penitente investida na literatura épica cabocla. também por nos decifrar Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado. o interior humano de São Paulo, a dimensão libertária do pampa, o selvagem sertão de Minas de águas claras em Diamantina a insana saga da sobrevivência de Pirapora à Juazeiro no nordeste e mais recentemente, muito recentemente, na revelação de Marcio Souza, a vastidão da coragem na Amazônia.
alguém em algum lar ainda dá de presente aos novos um livro de presente. ainda acredita que se ganha tempo lendo. ainda acredita que está crescendo. enriquecendo o espírito. ampliando a vista de seus horizontes. apreendendo a alma humana.
bem, ao menos para possuir um vocabulário superior aos abomináveis “peguemu” e os “botemo” onipresentes ameaças à paz dos ouvidos. daí, quando tua mente sobreviver ao inverno da existência sem sentido, a alma verá a hora das flores chegar. como que a preparar o corpo para a espreguiçada final na companhia faceira dos risos do verão.

sábado, setembro 24, 2005

Em El Aire


o estúdio de la rádio Aquárius em Artigas a capital departamental do norte que faz fronteira conosco foi ficando pequeno para quem se aproximava seguindo o som nos corredores.
era inevitável a perplexidade. o fato novo, diante do diferente, do raro. a expansão dos sentidos até aonde nos alcança a sonoridade naqueles momentos. o momento era criação de Maicown Reichembach.
os movimentos nos dedos aos 22 anos nas cordas da guitarra davam sua percepção impressionantemente madura para as tonalidades da alma onde só os grandes demonstraram saber do ir e vir.
o garoto argentino que vive agora em São Paulo e impressionara Joe Satriane estava tão próximo que pude ver seu dedo sangrar ao fim da jan session.
seu show logo mais a noite seria rápido e fulminante.
eles colocam tantos nomes nestas coisas que fazem, como stuffs, riffs, paletadas e sei lá mais o que.
nomes que gostam de dar as coisas que fazem e de como se divertem. Maycown está a vontade quando toca. parece tão fácil e simples. tão natural. e claro que deve ser. pra ele.

O Amigo Libanês


O proprietário da loja também tem outros investimentos. possivelmente outros negócios. que não me dizem respeito, não constam de nosso trato. sou o supervisor de marketing. não sei porque escolheu esse cargo. era para definir meu comprometimento afinal alguém perguntou na hora. assim que se diverte. com tudo. e isso é o lado que conta no fim.
ela tem um posto de gasolina. aliás o único em mãos de estrangeiros em território brasileiro. ao menos com a bandeira da Ipiranga. que coisa. se a conhecesse não se surpreenderia. não tem tempo ruim no meio do caminho não tem pedra. nunca é muito tarde. e sempre há o fogo que se acende inesperadamente. mas fazia tempo que no ablava com ella. ella é uma mujer de Montevidéo, e esto por supuesto quer dizer algo, o debia, yo creo, por supuesto.
Wassim é músico. play piano some classic arabic music. no portuguese, no portuguese. speak in english, speak. einhn ítaly!? niente... capisco. englissh understand. undertand !? tudo ele repete. deve ser de ansiedade. língua tão estranha para um árabe o português. como libanês deve ser para brasileiros. eu não entendo bulhufas de árabe, então capisco, engllissh....ok, ok....
o tio de Wassim é Libanês, veio tentar a sorte primeiro em Sau Páolo, depois veio parar aqui. lugar bom sim. dá pra viver bem. agora que está assim. tudo muito parado. depois muda.

O Meio é a Mensagem


meia hora habilita. meio copo sacia. meia calça aquece. meio tom esclarece. meia luz esconde. meia boca sentencia. meia prosa anima. meio caminho aproxima. meia entrada resolve. meio campo espraia. meia água cobre. meia idade define. meia estação alivia. meia voz embala. meia surrada veste. meia verdade silencia. meia volta adianta. meio ponto salva. meio dia anima. meio riso encabula. meio fio guia. meia vida ensina. meio tempo surpreende. meio termo incomoda. meia noite reinicia. meias palavras confundem. meio normal chateia. meio apaixonado enlouquece. meio grávida não existe. meio crente não acredita . meio criança desconfio.

os pássaros!!

saiu. voltava logo. não voltou. encara uma ida até a esquina. explora o mundo novo. tudo move, ele remove, em seu mundo. é sempre mistério o que ele persegue e assiste. hora de comer. sem fome... hora de encontrar a saída de emergência. portas corta-fogo não interrompem seu caminho. só desatino. explica. a esquina. meu filho. escuto. a fruteira está fechada. é feriado... mas então vou ver se está fechada...
veio por outro lado. e o que é isso debaixo da blusa?
ele é quem quer falaaaaaaarrrrrrrrrrrrrr primeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiro...ai.... aí tem ...

o passarinho veio à mão enquanto a eloqüência versava o seu assunto.

Pequenas conquistas

São bons passos na direção certa. como ter começado a escrever. como ter publicado. como ter feito uma página. e também ter publicado. e ter feito um blog. e ser indicado no armazém88. quem sabe entrego logo as crônicas para o armazém88. nem muitas até. ter espaço nos jornais. ouvir alguém dizer de frente: li teu texto e gostei... pra ser sincero não houve nada parecido antes.

Como guardar o violão. tocar por insistência. só com uma corda as vezes. deixar o orgulho e aceitar um encordamento naquela tarde depois daquela noite. que era só pra ver se eu tocaria tendo as outras também. toquei até arrebentar as outras. ensaiei para meu filho. ensinei sete notas. toquei para os amigos. eles sim tocam bem. pagode, guitarra e gaita missioneira. um dia quem sabe. para mais dias. eu escutei alguém disse toca outra vez. muito bom. aonde eu vou ?

fui prá buscar ajuda. não podia mais sozinho. não daquela vez. pesado demais. confuso demais. descoordenando. outra cilada. armadilha. asa quebrada. aí...fui acolhido. sem perguntas. sem respostas. sem mentiras. o alívio imediato. aqprendi a re-aprender e re-aprendi . novas razões. diferentes das minhas certezas. participei. aprendi a ouvir. me tornei voluntário. coordenador. superar tudo de novo mais uma vez trazia tudo de volta. mas era só medo de ser feliz.

coordenar pessoas para chegar a algum objetivo é diferente de comprometer-se consigo mesmo. as duas são importantes, mas só a segunda é verdadeira. Porque está aí sua razão pra viver. ouvir volte você faz falta faz toda a diferença aqui. e fazer isso sabendo que mesmo assim não pertence a lugar algum é estar caminhando.

toda a lenha na lareira. depois um pedaço de carne. costela, vazio ou picanha pra arder no fogo. depois comer no meio da noite. 0º lá fora. tudo em paz. ler e ter um tanto de paz é sinal de um passo certo. passo para ter felicidade por perto. a felicidade é um acerto de contas pessoal. um balanço patrimonial entre a alma a consciência e o corpo.

ser assertivo durante o dia facilita. a vida. evita discussões e conflitos. é um exercício com as ciladas que nos cercam por todos lugares. ciladas nos acham inconvenientemente. ciladas não são passos certos, mas nos dão a condição de medir posição. comprometimento facilita andar na vida. o grau de confiança ensina o quanto se pode deixar pra trás. é sempre recomeço.

inspiração nem sempre vem por vias aéreas. às vezes é só trabalho e técnica às vezes vem de dentro. como quando queima. quando arde a febre. uma febre de fantasia insana e selerada. hora de produzir. sentar criar escrever /descrever o que está pronto. agora escrevo. tenho o que fazer. é isso. falar. é o ciclo que abre e fecha portas em mim. mas a febre é real. noites em claro cobram um preço da alma beat. depois passa. eu disse é insano. como febres.